A Felicidade é lucrativa
Liderança e Felicidade dos colaboradores - dois temas que devem andar de mãos dadas. Inicío hoje uma rubrica em que convido um(a) Líder que admiro e considero como exemplo, para dar o seu ponto de vista sobre este binómio.
É com muito gosto que Ricardo Parreira, CEO da PHC Software há 31 anos, é o meu primeiro convidado.
Apaixonado por liderança e cultura empresarial, cedo apostou em boas práticas de gestão, best experience at work e atitude para a felicidade no trabalho. Estes conceitos levaram ao reconhecimento com inúmeros prémios, onde destaco ter sido considerada em 2015, 2018 e 2019 como uma das “Melhores Empresas para Trabalhar” e fazendo parte do top 15 do “Ranking Empresas Felizes” entre os anos 2017 a 2020.
No início deste ano, Ricardo Parreira lançou o seu livro “Gestão descontraída mas profissional” onde aborda os 3 pilares de gestão: do indivíduo, das pessoas e da empresa – recomendo muito a sua leitura!
Ricardo Parreira explica-nos aqui qual a influência que um líder pode ter na (in)felicidade de um colaborador, porque é que a felicidade é lucrativa e afinal, de quem é a responsabilidade pela felicidade corporativa?
O que é felicidade para si?
Olhando para a forma como se constrói o nosso bem-estar, arrisco a dizer que devemos de falar antes em “atitude para a felicidade”. É essa a abordagem que temos na PHC Software, onde acreditamos que as nossas escolhas são o catalisador mais importante e, para isso, é preciso dotar as pessoas das ferramentas certas para aumentarem o seu nível de consciência e tomarem as melhores decisões.
O que faz para ser mais feliz na sua vida e carreira?
Primeiro, tenho um propósito muito bem definido: quero aproveitar a vida e ajudar os outros a fazer o mesmo. E acredito que a boa gestão é o caminho: a nossa, a da relação com os outros e também a de uma empresa ou de uma equipa. Nestes três eixos, procuro aprender e implementar as melhores práticas, de forma a gerir e aproveitar os diversos momentos da vida pessoal e profissional. Aliás, no meu livro falo muito sobre estas três áreas e como é possível trabalhar cada uma delas.
Assumindo que é importante para uma empresa ter colaboradores felizes, o que é que a PHC faz, em termos práticos, em prol da felicidade dos seus colaboradores?
Primeiro, trabalhamos a nossa cultura de forma profissional. Toda a empresa está estruturada à volta da cultura, com valores bem definidos e que se traduzem em atitudes e comportamentos muito específicos. Isto ajuda a que todos saibam o que é aceite e o que não aceite, o que é esperado e o que foge à expectativa. Esta é uma base que é espelhada em todas as áreas da empresa, desde na avaliação de desempenho em função dos valores da empresa, no plano de desenvolvimento de cada pessoa, nas atividades de equipa ou atividades lúdicas que desenvolvemos, em projetos especiais de capacitação para esta atitude para a felicidade; tudo é pensado em prol da cultura. Depois, apostamos muito na liderança como um elemento essencial do desenvolvimento das pessoas, pois sabemos que um mau líder pode tornar alguém muito infeliz. Esse é um ponto ao qual damos particularmente atenção. Por fim, medimos tudo, que é um dos pontos-chave para ter sucesso, nesta ou em qualquer área.
Fala-se muito sobre a necessidade das empresas criarem as condições para que os seus colaboradores se possam sentir felizes. No seu entender, de quem é a responsabilidade pela felicidade corporativa – da empresa ou dos colaboradores?
É uma escolha dos colaboradores. Uma empresa não pode impor a felicidade a ninguém. O que a empresa pode, e deve fazer, é criar condições e capacitar as pessoas para que percorram esse caminho.
Surgiram entretanto novas funções – o Chief happiness Manager (CHO) e o Happiness Manager (HM) - será mesmo necessário existir a tempo inteiro um CHO ou HM e porquê?
Acredito que ter uma pessoa a tempo inteiro para trabalhar este tema não será obrigatório em todas as organizações, mas para empresas que se preocupem com este tema e tenham capacidade para ter uma pessoa dedicada, é algo que devem de considerar. Como costumo dizer, “a felicidade é lucrativa”, não só porque o bom ambiente é sempre preferível, como também porque pessoas mais felizes estão mais motivadas e conseguem criar maior valor para a empresa.
No seu livro “Gestão Descontraída Mas Profissional”, dá um enfoque especial à gestão de pessoas - qual o papel dos líderes na felicidade corporativa e o que devem fazer para removerem os obstáculos que surgem?
Um líder pouco pode fazer pela felicidade de uma pessoa, mas pode ter uma influência enorme na sua infelicidade. É por isso que os líderes devem de estar treinados para detetar e evitar situações que afetem as pessoas da sua equipa. No caso da PHC Software, acreditamos que um líder deve de ser um “líder de serviço”, ou seja, existe para servir a sua equipa e deve de criar condições para que as pessoas trabalhem de forma autónoma e sem obstáculo no seu caminho.
Verifica mesmo, na prática, uma relação entre a felicidade dos colaboradores, a sua produtividade e a performance financeira das empresas?
Como referi, a “felicidade é lucrativa”. As evidências na PHC Software são óbvias, já que o aumento dos níveis gerais de felicidade têm acompanhado cinco anos a bater recordes de vendas e também distinções importantes como o melhor software de gestão pela PC Guia, estarmos constantemente na lista das melhores empresas para trabalhar, top das empresas mais felizes no prémio Happiness Works, primeiro lugar nos Prémios Recursos Humanos por dois anos consecutivos, entrada no Índice de Excelência, entre outros.
Qual foi o momento da sua carreira em que se sentiu mais feliz?
É tão difícil responder a essa pergunta. Tenho momentos muitos felizes na PHC Software, todos os dias e todos os anos. Mas dou-lhe um momento neste ano em que me senti particularmente feliz a nível profissional: quando tivemos o nosso evento para parceiros, PHC Open Minds, em live streaming. Este é normalmente um evento físico que demora seis meses a organizar e já estávamos com cinco meses de preparação quando o mundo parou devido à pandemia de COVID-19. Tomámos uma decisão muito rápida de passar todo o evento para um inovador formato digital, e tivemos de refazer todo o evento em 15 dias. Foi uma prova de superação e de adaptação. Ver o evento a acontecer e receber feedback dos nossos parceiros, que perceberam o esforço que fizemos para que eles tivessem o evento, foi marcante – não só para mim, como também para todos.
Obrigada Ricardo, pela disponibilidade, simpatia e pelo exemplo de liderança!
Podem encontrar mais informações sobre o Ricardo Parreira em: www.ricardoparreira.pt/